29 de agosto de 2018
Análise Técnica x Análise Fundamentalista
Tempo de leitura: 8 minutos.
Por Rafael Crespi
Muitos investidores iniciantes na bolsa não sabem como escolher os ativos para compor suas carteiras, por isso este artigo tem o objetivo de apresentar os dois métodos de análise mais utilizados no mercado, e algumas características deles.
Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista se baseia em fundamentos econômicos, ou seja, tenta prever o comportamento das empresas baseando-se em diversos fatores da economia e como eles estão correlacionados com a valorização ou não de determinadas empresas.
Os principais instrumentos que são utilizados neste tipo de análise, são previsões macroeconômicas, análises de balanços das empresas, análises setoriais de concorrência entre outros. Existem dois principais processos de análise dentro desta escola, a análise top-down e bottom-up.
A análise top-down, começa pelo macro ambiente e então chega nas empresas. Por exemplo, se minhas projeções de dólar estão apontando uma alta forte da moeda americana, vou procurar setores que se beneficiam desta alta, muito provavelmente, empresas exportadoras. Após entender qual elemento macroeconômico eu quero aproveitar, vou entender quais empresas podem ser beneficiadas por uma alta do dólar. Este tipo de análise se baseia muito mais em macroeconomia.
A análise bottom-up, é o contrário. É extremamente focada em entender o que está acontecendo dentro de uma determinada empresa e se ela tem potencial de valorização. Utiliza-se principalmente dos demonstrativos financeiros, relação com investidores e análise estratégica de negócio. Neste caso, um exemplo de análise bottom-up, seria analisar os balanços de uma empresa e perceber que a empresa está melhorando seus indicadores de lucratividade, margem, endividamento e gerando caixa constantemente, além de entender se a gestão da empresa está sendo estrategicamente bem feita. Após fazer esta análise, aí sim vem a parte de analisar a concorrência e o macro ambiente, e o que isto pode influenciar internamente a empresa.
A análise fundamentalista, tenta entender, desta forma, se uma empresa consegue ou não gerar valor no tempo, e se as perspectivas de que seu preço atual suba são altas, além de, por meio de alguns cálculos tentar prever o preço que essa ação pode ser negociada.
Análise Técnica
A análise técnica se baseia nos comportamentos dos players do mercado para tomar decisões. O analista técnico quer sempre entender quando os grandes compradores e vendedores vão tomar suas ações e quais são os potenciais de valorização de movimentos no curto prazo.
Os principais instrumentos desse tipo de análise são os gráficos e os indicadores técnicos calculados em cima dos preços e volumes históricos das ações (índice de força relativa, médias móveis, desvios padrões etc.).
A análise técnica está construída sobre 3 regras básicas:
- Movimentos do mercado já descontam tudo.
- Preços se movem em tendências.
- História repete a si mesma.
Ou seja, o analista técnico simplesmente cria métodos e estudos que permitam a previsão de certas tendências na relação de oferta e demanda de determinados ativos. Estabelecendo que o mercado é eficiente e que todos tem acesso às informações, o analista técnico acredita que o mercado precifica os ativos no curto prazo, independentemente da valorização estar ligada a um evento do futuro. Por exemplo, se existe uma tensão internacional e uma projeção de que o dólar suba muito. O preço dos ativos que possuem receita dolarizada vai subir no curto prazo, pois os fatores são precificados no mercado.
Ao contrário da análise fundamentalista, a análise técnica tem uma visão mais de curto prazo, e despreza informações micro e macro, dependendo simplesmente da psicologia envolvida no mercado e das suas relações de oferta e demanda.
Comparando as duas escolas
Ambas as escolas tem suas bases, e apresentam ótimos resultados quando executadas em alto nível, porém, possuem muitas características distintas, que limitam seus usos à diferentes situações.
Em termos de prazos de visão, os analistas técnicos tentam prever movimentos de curto prazo, de semanas, dias, horas ou até mesmo minutos. Ao mesmo tempo, os analistas fundamentalistas se focam em precificar ativos para o longo prazo, olhando horizontes temporais maiores que 6 meses na maior parte das vezes. Por exemplo, um fundamentalista nunca fará uma análise para um day-trade, ou swing trade que são operações de um dia ou alguns dias.
Uma grande diferença também, são os prazos que são feitas as operações, não apenas o horizonte de análise é outro, como também as operações tendem a ter durações bem diferentes. Um fundamentalista é um investidor de longo prazo, que está disposto a segurar um papel em carteira por anos, enquanto o técnico visa um ganho rápido, com operações mais curtas que um mês.
Podem se complementar?
Muitas casas de análise, e fundos, já contam com análises combinadas, embora isso seja para os extremistas de cada escola, algo criticado. Um analista fundamentalista pode utilizar-se de ferramentas da análise técnica para encontrar bons pontos de entrada e saída das suas operações mais longas, potencializando seu ganho, por exemplo. Assim como um analista técnico pode usar uma boa análise macro para entender quais papéis teriam maior facilidade de tomar certas tendências.
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