2 de julho de 2020
O que é o rating de empresas?
Por: João Pedro Simões
Tempo de leitura: 4 minutos
O Rating de empresas é o processo no qual as empresas tem a avaliação de seu risco de crédito. Esse é um dos principais indicadores utilizados pelo mercado para mensurar o risco da companhia não vir a cumprir com suas obrigações financeiras junto a terceiros.
As agências de rating são as responsáveis pela condução do processo, no qual as empresas tem uma nota atribuída. Essa nota de risco não é definitiva, pois frente a alterações no quadro societário, nos aspectos legais regulatórios, dentre outras, altera-se o risco dessa companhia e, consequentemente, sua nota.
A classificação de risco das empresas reflete a saúde financeira destas, sendo composto tanto por parâmetros quantitativos, como por exemplo nível de endividamento e fluxos de caixa, quanto qualitativos, como por exemplo a estabilidade política do país em que se localiza e os aspectos legais de regulamentação do setor.
A avaliação de risco pode ser feita por inúmeras agências de rating, mas a realização junto a alguma das Big Three (S&P, Moody’s e Fitch) garante uma aceitação quase que total junto aos agentes de mercado, dado a tamanha solidez e credibilidade dessas, as quais representam 90% de market share.
As avaliações de rating podem diferir de uma agência para outra, segundo seus ranges de risco, mas são dadas em grau-nota. Quanto ao grau, esse pode ser especulativo ou de investimento, sendo aquele de maior risco de inadimplência e, portanto, ter um prêmio de risco maior, e este mais seguro e, dessa forma, menor prêmio de risco. As notas, por sua vez, expõe mais detalhadamente o nível de risco do ativo, sendo essas usualmente ranqueadas de A-D.
O interesse pelo processo de rating deve ser das próprias companhias, pois o custo de capital para emissão de dívidas junto a bancos e/ou investidores esta correlacionado a essas notas, influenciando na estrutura de capital e no prêmio de risco praticado. Empresas com maior rating tem um menor custo da dívida, ou seja, despesas financeiras inferiores e, consequentemente, um resultado líquido mais positivo.
Paralelamente, outra parte interessada no processo é os investidores, afinal, são quem utilizarão para embasar seus investimentos. A partir do rating dos títulos privados, os investidores tem mais propriedade para realizar uma análise risco x retorno.
Apesar da importância da avaliação do risco de crédito de companhias, há críticas no âmbito da existência de conflitos de interesse. As empresas são, ao mesmo tempo, os agentes e os clientes do processo. Dessa forma, pode se gerar um viés na definição do rating dessas, uma vez que são os avaliados quem garantem a geração de receita, e, por fim, o lucro das agências.
Ademais, vale destacar um conhecido caso de conflito de interesse que tivemos no passado. As famosas agências S&P e Moody’s foram autuadas e penalizadas devido à atuação fraudulenta na avaliação de rating dos títulos do Lehman Brothers durante a crise do subprime dos Estados Unidos, dando a falsa impressão de serem bons investimentos e, posteriormente, vindo a decretar falência. Esse banco era um importante cliente das agências supracitadas.
Finalmente, mesmo diante de alguns questionamentos quanto ao processo, a avaliação de rating das empresas possibilita maior simetria de informações dos ativos financeiros negociados no mercado, sejam estas adotadas como critério primário ou secundário nas decisões de investimento.
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