19 de fevereiro de 2018

Wrap Up Semanal

Brasil

O Impacto da Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro

O presidente Michel Temer decretou na sexta-feira (16/02) intervenção na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. A medida impacta diretamente a votação da reforma da previdência, que não poderá ser promulgada em período de intervenção.

A razão se deve ao fato de não poder haver emenda à Constituição durante este período. No entanto, de acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o impeditivo para uma possível promulgação da reforma não fará com que a discussão termine.

Apesar do mercado já precificar a não aprovação ou não votação da reforma da previdência, a intervenção ao Estado do Rio de Janeiro acrescenta um maior grau de certeza a esta tese. Economistas consideram a reforma como crucial para redução da taxa de juros de longo prazo. Além disso, o investidor estrangeiro tem uma alta sensibilidade a reformas de impacto estrutural para que sejam tomadas suas decisões de investimento.

Cresce movimentação no setor portuário

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), portos públicos e privados movimentaram no ano de 2017 8,3% mais que no ano anterior.

Puxados pelas cargas de milho e soja, a movimentação em granel foi principal destaque, crescendo 10,3% no período. A movimentação em contêineres (TEUs), apresentou incremento de 5,7%.

Os números apresentados demonstram um maior nível de atividade comercial, seja entre Estados brasileiros, ou entre o Brasil e outras nações. Importante ressaltar que houve um incremento comercial considerável entre Brasil e Argentina no segmento automotivo. A recuperação econômica de ambos os países catalisa o acordo comercial entre os membros do Mercosul.

 

Departamento de Comércio Americano Anuncia Taxação sobre Aço Brasileiro

Na sexta-feira (16/02), o Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou o documento detalhado de barreiras de importação. Dentre os itens compreendidos na lista, o aço brasileiro passará por nova tarifação em sua importação.

Representantes das siderúrgicas nacionais embarcarão em comitiva ao território americano, no fim do mês de fevereiro, a fim de argumentar sobre a exclusão do aço brasileiro na nova taxação. No dia 27, haverá uma reunião entre o Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, e Wilbur Ross, secretário do comércio americano. O argumento a ser utilizado por parte dos brasileiros é que 80% do aço exportado para os EUA, são semielaborados, produto do qual os EUA têm déficit de produção.

A notícia tem impacto negativo para as empresas siderúrgicas brasileiras, Usiminas e CSN, que destinam parte considerável de suas produções aos EUA. Em contrapartida, a Gerdau, com forte

presença em solo americano, deve sair beneficiada pelo acordo já que conta com unidades produtivas relevantes nos EUA.

Internacional

Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, renuncia e é sucedido por Ramaphosa

Após sucessivas denúncias de corrupção e deterioração do cenário político no país, o agora ex-presidente Zuma renunciou ao cargo na noite de quarta-feira passada. Zuma será sucedido por Cyril Ramaphosa, integrante de seu próprio partido, que governa o país desde 1994 quando Nelson Mandela foi eleito presidente. Sindicalista de origem, Ramaphosa integrava o grupo de Mandela nos anos 1990 quando da transição do poder político no país. Ele assume a presidência incumbido de retomar o crescimento econômico, estagnado na África do Sul há algum tempo, e apaziguar a tensão política que permeia a cúpula do Executivo em meio a uma série de denúncias de desvios e corrupção.

O país, que geralmente figura entre grupos de mercados emergentes em diversos índices e é um importante produtor de minérios no cenário global, passará a receber mais atenção de investidores que estarão à procura de sinais a respeito das próximas medidas econômicas para retomar o crescimento.

Maduro cada vez mais isolado na América Latina, e situação econômica na Venezuela já atinge proporções históricas

A convocação unilateral de eleições presidenciais para abril por parte do governo configura-se em novo episódio de atrito entre o Executivo venezuelano e os demais países latinos. A estória de isolamento do governo do país ganhou mais um capítulo na semana passada com a declaração, por parte da ministra de Relações Exteriores do Peru, de que Nicolas Maduro não será presença bem-vinda na Cúpula das Américas em abril próximo. Enquanto políticos parecem fechados em seus discursos e preocupados apenas uns com os outros, investidores que buscam informações a respeito da economia que é uma das principais produtoras de petróleo fora dos países árabes encontram-se em dificuldades.

O governo venezuelano não divulga dados oficiais das contas do país, e aqueles interessados nos números devem recorrer a órgãos extraoficiais e pesquisadores independentes. Estima-se que o PIB do país tenha se contraído em incríveis 35% nos últimos quatro anos, o que coloca a situação da Venezuela em condição de depressão, mais acentuada até do que nações em plena guerra civil, como a Síria. A inflação extraoficial em 2017 esteve em 2.700%, sem qualquer perspectiva de desacelerar. A produção de petróleo, única fonte relevante de receita para o estado do país, vem se reduzindo a cada ano, com o país sistematicamente produzindo abaixo da quota que lhe foi designada pela OPEP.

Principais índices financeiros

Bolsa

O Ibovespa encerrou a última semana em alta de 4,5%, mais do que recuperando a queda da semana anterior e retomando os 84 mil pontos. O ‘meio’ pregão de quarta-feira viu forte apetite estrangeiro, registrou o maior volume diário da semana e apresentou uma sinalização positiva para o lado comprador. A recuperação do índice brasileiro se mostrou em linha com aquela apresentada por outros índices globais importantes: o S&P500 registrou seis pregões consecutivos de alta desde seu ponto recente mais baixo na quinta-feira anterior (8/fev) e fechou a semana em alta de 4,4%; já o MSCI Emerging Markets que havia sofrido de forma mais aguda, chegando a retroceder mais de 12% desde o final de janeiro, também recuperou terreno e registrou forte alta de 6,7% na última semana. Curiosamente, o que se seguiu à pior semana dos últimos anos para o índices norte-americanos foi a melhor semana em mais de cinco anos para o S&P500, e a melhor para o Dow Jones desde a eleição de Trump em nov/16. O fato, no entanto, perde um pouco de sua curiosidade ao considerarmos o nível da volatilidade nos mercados: atipicamente baixa nos últimos 2-3 anos, fazendo com que quaisquer movimentos mais dilatados se destaquem. Ao nos distanciarmos um pouco da gangorra euforia/depressão tão típica de frequências diárias ou mesmo semanais, temos que os fundamentos continuam de pé em favor da continuidade de valorização dos ativos de risco pelo mundo.

Dólar

O dólar encerrou a última semana cotado a R$ 3,22, em queda de 2,4% para o período, seguindo a reversão de fluxo para mercados emergentes e ativos de risco. Medida contra seus principais pares globais, o índice DXY já registra nível semelhante àquele observado no final de janeiro, deixando para trás o repique das duas primeiras semanas de fevereiro marcadas pela correção pontual nas bolsas ao redor do mundo. O euro avança para o nível de $1,25 frente ao dólar, maior nível em pelo menos três anos, tal como iene japonês e franco suíço retomam seus desempenhos positivos contra a moeda americana. Mesmo com o aquecimento da economia americana, retratado sob várias formas em suas divulgações de emprego, salários e PIB, parece prevalecer no mercado a intuição de que o crescimento americano deve impulsionar outras economias pelo mundo, que ainda teriam maior espaço para crescer frente aos EUA, que se encontra em estágio mais avançado do atual ciclo.

 

 

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