16 de março de 2020

Wrap Up Semanal

Brasil

Banco Central e Tesouro adotam medidas intervencionistas

Durante a crise do mercado nesta última semana, iniciada pela piora no cenário global e piora da epidemia do coronavírus, o Banco Central Brasileiro e o Tesouro tomaram medidas intervencionistas na tentativa de conter a alta do dólar.

Foi ao longo da semana também, que ocorreu uma piora no cenário interno político brasileiro. A intensidade das medidas tomadas nunca havia sido vista no país.

No início da abertura do mercado na quinta-feira, a cotação do dólar já ultrapassava a marca dos R$ 5,00. No mesmo dia, o Banco Central teve quatro iniciativas de venda de dólar no mercado à vista, somando U$ 4,75 bilhões em leilões da moeda. A cotação conseguiu ser contida em parte, mas ainda apresentou uma alta de 1,41%, em R$ 4,78.

Já o Tesouro Nacional, teve de agir meio ao caos que foi instaurado no mercado na precificação dos ativos, ativando uma ação junto ao Banco Central, de compra e vendas de títulos públicos. A medida buscava dar mais liquidez para os investidores que queriam corrigir suas posições em meio ao mercado, e ajustar preços.

A recompra do Tesouro atingiu por volta de R$ 11 bilhões, em um único dia. Tal medida, foi destravada a partir da reação do mercado perante a flexibilização de uma das novas regras da Previdência, que fez com que as taxas futuras tivessem um rápido e alto pico. A decisão tomada de derrubar o veto presidencial sobre uma regra que aumenta o limite de benefícios a serem recebidos (BPC), trouxe para o mercado uma maior incerteza em relação à concretização e tamanho das reformas propostas e esperadas para 2020.

Com o cenário externo em desaceleração, a proporção tomada pelo coronavírus, seu impacto nas economias, e o cenário político nacional, fizeram com que começasse uma nova revisão da expectativa de crescimento brasileiro para o ano, com alguns bancos já abaixando a taxa para 1%.

Acordo para ampliar BPC é aceito, mas Governo vai à Justiça

Ao longo da semana, aconteceu uma série de discussões em volta da queda do veto presidencial a respeito do BPC. O veto do presidente Jair Bolsonaro foi derrubado pelo Congresso, e fez com que o governo tomasse medidas junto ao Legislativo, na tentativa de controlar os gastos liberados.

A alteração faria com que fosse criada uma nova despesa de R$ 20 bilhões, ao ampliar o acesso ao Benefício de Prestação Continuada. Cerca de 1/3 de um salário mínimo seria elevado no limite de renda máxima familiar que decide o acesso ao benefício.

É visto como se o Congresso tivesse derrubado o veto presidencial de propósito, a fim de demonstrar, em um embate entre os poderes, quem manteria de fato o controle sobre o Orçamento brasileiro. Adiciona-se a isso, recentes posturas que o presidente tomou incentivando as manifestações do dia 15/03, contra parlamentaristas e o Supremo Tribunal Federal.

Paulo Guedes, ministro da Economia, demonstrou a indignação com a medida ao longo da semana. O governo, foi então, correr ao STF e ao TCU (Tribunal de Contas da União) para tentar manter o veto.

Ainda, o Ministro da Fazenda ressaltou sua preocupação com a retomada de crescimento brasileiro, afirmando que sobras e remanejamentos no plano Orçamentário seriam usadas para situações emergenciais na área de Saúde, devido ao alastramento do Covid-19. No final, Guedes não deixou de afirmar também, a

necessidade do trabalho em conjunto dos Poderes, para melhoria do cenário não só político, como econômico brasileiro.

Governo decide antecipar para abril, metade do 13o de aposentados

Tomando medidas a respeito do coronavírus, o Ministério da Economia criou uma pasta de ações para reduzir o impacto do vírus no país.

Segundo o grupo de especialistas focado nessas pautas, as primeiras medidas a serem tomadas vão voltadas para os maiores grupos de risco, o qual inclui idosos principalmente. A pioneira será a liberação por parte do Governo, de 50% do 13º salário de todos os aposentados e pensionistas do INSS para abril. O valor total da medida chegou próximo a R$ 23 bilhões.

Outras medidas que estão ainda sendo discutidas, incluem uma redução tarifária, para aposentados e pensionistas apenas, em relação aos juros do empréstimo consignado. Ao mesmo tempo que seria dado um aumento no prazo das operações, seria ampliada também a margem consignável.

O Ministério da Fazenda quer abrir também uma pauta junto ao Ministério da Saúde, a fim de criar uma lista de produtos médicos e hospitalares que terão melhorias nas tarifas cobradas sobre eles, na busca de manter maior abastecimento de produtos.

Medidas como essa e outras estão sendo tomadas em diversos setores da Economia, em um conjunto de tentativas de frear a desaceleração que o vírus pode trazer para o Brasil.

A mesma equipe de monitoramento, do Ministério da Economia, também trabalha em uma pasta de auxílio às cadeias produtivas. Enquanto isso, os bancos públicos brasileiros já anunciam novas linhas de crédito para fomentar a economia, como a Caixa, o Banco do Brasil, e o BNDES que afirmou ter linha disponível de R$ 100 bilhões, caso seja necessária a liberação.

Ainda na pasta de medidas econômicas para tentar conter o impacto do vírus, foi negado uma nova rodada de liberação do FGTS.

Internacional

Trump declara estado de emergência nacional

Os Estados Unidos entraram em alerta nacional por conta do coronavírus. Donald Trump, em meio a uma coletiva em frente a Casa Branca, declarou que o país entra em emergência nacional. A crise de saúde criado pelo coronavírus, já infectou cerca de 1,8 mil americanos. A partir de agora os Estados Unidos aumentam o poder do presidente para controlar o país.

O governo já traça uma série de estratégias para poder conter a crise. Viagens entre o país e a Europa estão suspensos e um fundo para suporte em momentos de crise de cerca de US$50 Bilhões foi liberado para uso. Trump, diferentemente da última semana, da ênfase à necessidade de controlar a contaminação da população.

O alarmante da situação é a aproximação de uma recessão mundial. Jeffrey Frankel, professor de Harvard, avalia que a possibilidade de uma crise mundial tem aumentado gradativamente; bolsas em queda e o colapso no preço do petróleo preocupam os analistas.

Fed corta taxa de juros novamente

O Banco Central Americano decidiu realizar mais um corte na taxa de juros. Pela segunda vez no mês, o FED decidiu diminuir a taxa de juros dos Estados Unidos. Em uma medida parabenizada pelo presidente americano, Donald Trump, a organização corta a taxa em 0,5 pontos percentuais; agora a meta dos juros americanos fica entre 0% e 0,25%.

A medida foi tomada para controlar a economia dos EUA. Segundo o FED o corte na taxa de juros foi realizado para ajudar a economia americana a se manter estável e será mantida até que os níveis de empregabilidade e estabilidade econômica retornem às metas do governo. A última vez que a taxa de juros chegou a este nível foi durante a crise de 2008; desta vez, o coronavírus é o principal fator que preocupa o governo.

Principais índices financeiros


Bolsa

A semana foi marcada por alta volatilidade na bolsa de valores brasileira e um cenário nunca visto antes. Os ativos abriram a segunda-feira já em queda, pois, além das preocupações com a disseminação do coronavírus pelo mundo, também surgiram conflitos entre Arábia Saudita e Rússia durante uma reunião da OPEP que resultou em forte queda do preço da commodity, que impactaram fortemente não só as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), como todas as outras listadas na B3. O pregão se encerrou sem nenhum papel registrando alta no dia.

Na terça-feira, as ações recuperaram 7%, mas no dia seguinte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o coronavírus é uma pandemia global, o que fez com que os papéis caíssem 7,6% aqui no Brasil, acompanhando as bolsas mundiais. Já na quinta-feira, o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que cancelaria a entrada de voos vindos da Europa no país norte-americano trouxe pânico aos mercados pelo mundo mais uma vez. Por outro lado, a sexta-feira registrou alta de 13,91%, que ainda assim, não conseguiu apagar as fortes quedas dos pregões anteriores

No total, durante a semana, houve quatro circuit breakers (que acontece quando a bolsa pausa suas operações devido a fortes quedas). O Ibovespa encerrou a sexta-feira aos 82.677 pontos e registrou queda acumulada de 15,63%. Além de Petrobras (PETR3; PETR4), também foram bastante afetadas as companhias aéreas, Gol (GOLL3; GOLL4) e Azul (AZUL4) e empresas de turismo, como a CVC (CVCB3), causada pela restrição ao turismo devido a epidemia do Covid-19.

Dólar

O dólar comercial também foi bastante impactado na última semana, marcada por aversão a risco nos mercados globalmente. A cotação da moeda subiu 3,85% no período e, apesar de atingir a máxima histórica de R$ 5,00 durante a quinta-feira, recuou e encerrou a sexta-feira aos R$ 4,81. No ano, o dólar americano já registra alta de quase 20%.

O Banco Central, mais uma vez, realizou esforços a fim de conter a alta volatilidade por meio de venda da moeda à vista e também swaps cambiais que já vinham sendo executados a algumas semanas.

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